terça-feira, 3 de julho de 2012

ENTREVISTA: O Jazz brasileiro contado em "Short Stories" por Babi Mendes

Há algumas semanas atrás, eu estava vagando a procura de algum nome brasileiro que fizesse música, e principalmente, que fizesse música de qualidade. E depois de procurar, achei uma verdadeira pérola, uma artista que fazia jus ao seu cargo artístico, uma legítima cantora.
Encontrei Babi Mendes, uma cantora de jazz brasileira, com a promessa de música de qualidade. Logo procurei saber mais sobre a cantora e descobri que ela era de Santos, tinha ótimas inspirações, formada em jornalismo, entre outros detalhes tratados com maior abrangência na biografia disponível em seu site (veja aqui). 


Não perdi a oportunidade e logo entrei em contato com sua equipe, que me concedeu uma entrevista. Preparei um conjunto de perguntas, onde busquei ressaltar os principais tópicos das características de Babi Mendes. Acompanhe: 


[NNNCO]:  A grande maioria dos cantores mostraram-se desde pequenos a aptidão e o interesse pela música. Com você foi diferente? Ou desde criança você pegava a escova de cabelo da sua mãe para cantar?


Babi: Sempre estive envolvida com música de alguma maneira. Dancei ballet clássico por muitos anos, tive avós pianistas, tias cantoras... e sempre ouvi muita música. Muita mesmo. Gastava toda a mesada com discos e CDs e deixava de sair muitas vezes para ficar trancada no meu quarto ouvindo discos. Isto é, pegava a escova de cabelo pra cantar! 
[NNNCO]Quando você decidiu que seria cantora profissionalmente? E qual foi a reação de sua família? Eles apoiaram, eles foram contra... ? 

Babi: Na verdade, foi bastante natural. Comecei a cantar aos 15, fiz aulas de canto popular e depois fui fazer outras coisas... mas, por sempre ouvir muito jazz e conhecer o repertório, começaram a me chamar para trabalhos mais específicos. Acredito que meu primeiro trabalho profissional foi em 2006, quando fui convidada para cantar com um sexteto de jazz em um grande projeto na cidade de Santos. Daí em diante, voltei a estudar e nunca mais parei. Os trabalhos foram aumentando e em 2009 passei a só trabalhar com música. Meus pais sempre me apoiaram. Em tudo. São grandes incentivadores até hoje. Sou muito sortuda.
[NNNCO]: É possível viver de música no Brasil? E principalmente, é possível viver de música (no Brasil) que não seja Sertanejo e afins? 

Babi: É mais difícil viver de música no Brasil se você não faz o “mainstream”, o comercial, mas não é impossível. Existem locais, instituições que investem em outros tipos de música, público, projetos interessantes, festivais... Você tem que trabalhar muito, se manter ativo, buscar parcerias... mas sim, é possível. 
[NNNCO]: Li que seu álbum de estréia, o "Short Stories", é de autoria própria. E me diga: Qual a diferença para o artista de cantar uma música de autoria própria e músicas de terceiros?

Babi: Eu acredito muito que não é possível cantar sem interpretar o que se está cantando/dizendo. E quando o material é seu, você sabe exatamente o que te levou a escrever a canção. As ideias, imagens, sensações vêm com muito mais facilidade. Já quando se canta material de outros compositores é necessário esse trabalho, de análise, de reflexão e de apropriação da canção... é um trabalho mais complexo. 
[NNNCO]: E para você qual a diferença de compor em português e compor em inglês?

Babi: Nenhuma. O processo é igualzinho. Primeiro me vem uma ideia. E dessa ideia surge a forma, a possibilidade de gênero, a ideia melódica... Dependendo do gênero, se penso em um samba, uma bossa... escrevo em Português mas algumas ideias, talvez por estarem impregnadas de jazz e blues, caso me venham assim, saem mais naturalmente em Inglês.

[NNNCO]: Como está na sua biografia, disponível no seu site oficial, você se referencia em artistas como a icônica Ella Fitzgerald, Billy Holiday e Betty Carter, por exemplo, e em artistas mais contemporâneos como Norah Jones. E os cantores e cantoras de música pop, digo música mainstream, você tem afinidade com algum deles...?

Babi: Sim. Adoro Adele, Sara Bareilles, Dave Mathews Band, Amy Winehouse, Leonard Cohen, Joni Mitchell, Tom Waits, Bob Dylan… a lista é enorme. Ouço muita música e não só jazz. 
[NNNCO]: Dentre os estilos que percebo que se encaixa na sua música, posso citar o R&B, o Blues, um pouco de Bossa Nova e o Jazz com muito mais evidência. E por que o Jazz? 

Babi: Acredito que por influência da família. Meus avós tocavam piano em casa, sempre tocavam algum standard de jazz, além de música brasileira e meus pais ouviam Tony Bennett, Frank Sinatra, Barbra Streisand, Chet Baker, Ella Fitzgerald, no carro, em casa, acho que começou assim. Aos nove anos, pedi para me colocarem em um curso de inglês porque queria entender o que as pessoas estavam cantando. Essas eram as pessoas hehehehe...

[NNNCO]: Com o seu trabalho, você recebe mais atenção do público local (ao redor de Santos, cidade que você mora), o público nacional ou o estrangeiro? E o público brasileiro se interessa pelo Jazz? 

Babi: A internet rompe todas as barreiras geográficas. Desde que lancei o disco, recebi mensagens do Japão, da Argentina, dos Estados Unidos, de vários países da Europa e de pessoas de todos os estados brasileiros... Acho que por cantar e escrever em Inglês, que é universal, consigo atingir um público maior. O disco está a venda no iTunes, o que facilita a propagação e o disco físico e digital é distribuído para todo o país. Acredito que aqui no Brasil há sim um público de jazz. É muito bom isso.

[NNNCO]: Quando você precisa sair para um evento, profissionalmente, qual o seu critério para escolher o que vestir? 

Pros shows gosto muito de vestidos. São práticos e acho que compõem bem o visual pra palco. Hoje eu conto com uma assessoria de imagem, da minha querida Juliana Soares, que facilita muito a escolha das roupas. Mas o critério vem sempre com base no tipo de show. Horário, local contam muito. Recentemente cantei em um festival de jazz, em um palco externo, às seis da tarde, calça, camisa e blaser foram mais práticos do que um vestido.
[NNNCO]: Quais são as três palavras que definiriam a Babi Mendes como pessoa (mulher, filha, etc.) e as três palavras que definam Babi Mendes como cantora?
Babi: Pessoa – sensível, sonhadora, maternal
         Cantora – jazz, bossa e blues. 

Em meio dessas informações com muita gente-lesa da parte de Babi, pude conhecer um pouco (assim como você) dessa artista maravilhosa, gentil, inteligente e verborrágica (segundo a própria).

Caso você não conheça a Babi, sugiro que acesse seu My Space e conheça um pouco do trabalho da moça, tenho certeza que você não vai se arrepender. 

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