quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Born This Way Ball Tour: erros e acertos da turnê do ano.



Já faz mais de um mês que mais de 110 mil brasileiros foram privilegiados e puderam assistir de perto à turnê do ano, comandada por Lady Gaga e sua equipe que põe suas visões artísticas e inspirações na prática, e é responsável por dar vida ao grande projeto que essa turnê é. Sim, pois Born This Way Ball não é apenas um show de uma cantora pop. Aliás, seria redutivo classificar o concerto de Gaga dessa forma, pois com tantos elementos mágicos, e com uma forma diferente de conduzir seu espetáculo, Gaga promove uma ópera pop, repleta de elementos rock, e dotada de um tempero exclusivo, que só ela aprendeu a fabricar.

entrada da monster pit

O tempero exclusivo ao qual me refiro é a singularidade de Gaga quando está no palco, aliada à sua simpatia excepcional, e sua ótima voz e técnica vocal, que arrepiava todos os presentes ali, que a respondiam com gritos, aplausos, pulos e presentes. A euforia dos fãs foi tanta, que um deles acabou acertando Gaga na cabeça, e chegou até a ser vaiado por muitos, que por sua vez, foram interrompidos por Gaga, que acalmou os ânimos de todos dizendo que estava tudo bem consigo. Mais um ponto pra ela, que além do seu show musical, também deu um show a parte de humildade e simpatia.


Partindo para os aspectos técnicos do show, há alguns pontos negativos que torço para que sejam eiminados na nova etapa da turnê, nos Estados Unidos e Canadá. O primeiro deles é o figurino: ela troca demais de roupa, quase uma vez por música, o que a obriga a muitas saídas do palco, e perde-se tempo e dinamismo na apresentação. Há também o fato de que algumas roupas, como a usada na performance de Born This Way e Black Jesus, que esconde todas as curvas de Gaga, fazendo com que ela pareça um objeto estranho ao dançar a coreografia das músicas. Acho que o corpo dela é bonito demais pra ser desperdiçado quando deveria ser mostrado durante as corografias sensuais.


E falando em coreografia, acho que o maior ponto a ser melhorado na tour é exatamente esse. O fato de o palco ser muito grande, exige que seja preenchido por muitos dançarinos, o que acho ruim. E isso piora com a falta de sincronismo entre Gaga e seus dançarinos, que acabam se destacando. E quando dançarinos se destacam, o artista principal perde um pouco de seu espaço. Além disso, são poucas as coreografias da Gaga que me encantam, depois que Laurieann Gibson deixou o cargo de diretora-criativa e coreógrafa de sua equipe. Uma exceção deve ser aberta à performance de Scheiße, que apesar de conter quase 20 dançarinos ao lado de Gaga, tem uma coreografia altamente excitante, que fez o estádio do Morumbi tremer quando os primeiros versos e passos eram executados.

Acho que, apesar da ideia de um castelo enorme e colorido ser fantástica e arrepiante, pessoalmente, acho que somente um cenário grande e fixo limita a mobilidade do artista, e ainda prefiro um show com cenários menores e móveis, como a Monster Ball, que possuía telões, e engenhocas portáteis, que facilitavam o entendimento dos atos. PORÉM, a tour atual de Gaga acaba se tornando atraente justamente por ser uma desconstrução de sua tour anterior. Uma mostra Gaga como uma artista pop elétrica, ambiciosa, que surgiu do nada, mas conseguiu atingir o topo do pop. Já a segunda tour, mostra uma Gaga já consolidada, humana, que não precisa da aprovação da massa pra garantir o sucesso de seus trabalhos, pois sua comunhão e amor incondicional por seus fãs já o fazia.


As comparações com a MDNA Tour são desnecessárias e infundadas, pois a primeira tour de Gaga lucrou mais que as 7 primeiras de Madge, e sem contar que Gaga ainda tem muito tempo para corrigir o que há de errado em seus concertos. Já as demais falhas estão relacionadas à organização do show, que é de responsabilidade da produtora e organizadora brasileira, Time 4 Fun, que trata os pagantes dos ingressos como verdadeiros animais. Mas isso já não é assunto para um post que fala sobre uma tour, e não sobre a má fé e má gestão de uma empresa exploradora. Disso, a Gaga não tem culpa. Retomando, eu tenho a impressão de que ela conseguiu renascer de uma forma totalmente cativante com essa tour. Meu único desejo é que ela mantivesse essa conexão incrível com os fãs na próxima tour também. Além de manter Hair e Scheiße, que apesar de não serem singles, são músicas inesquecíveis e grandiosas, que não podem morrer ao fim desta era.  Ademais, acho que a Born This Way Ball Tour elevou a Gaga a um patamar tão alto, no quesito da qualidade e singularidade de um show pop, que isso me deixa curioso em relação ao que esperar de ARTPOP e sua turnê.

Pra quem não viu, aqui vai alguns trechos de demonstração de carinho que a Gaga deu aos seus fãs brasileiros durante o show. E pra quem não acredita em sua sinceridade, acho que uma tatuagem na nuca em homenagem aos seus little monsters brasileiros, eu acho que já é o suficiente pra provar o contrário.


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